De segunda a sexta, das 08h às 18h

Sábado das 09h às 17h20

Exceto Feriados.

Siga a Vila

Buscar
Buscar

Livro de Possuídos

+-
Livro de Possuídos

Grupo Livros

AutorMaria Lucia Dal Farra
ISBN9788573211573
TítuloLivro de Possuídos
EditoraIluminuras
Ano de Edição2021
IdiomaPortuguês
Número de Páginas144
País de OrigemBrasil
AcabamentoBrochura
Altura19
Largura14
Profundidade5
Peso50
OrigemBrasil
Serie/Coleçãovazio
Sinopse  Um dia (já faz tempo) uma mulher me surpreendeu com olhos muito atentos. Tinha um rosto espantado e insistia em me olhar. Acho que queria apalpar-me com os olhos. Foi quando percebi que, como num momento de fecundação, eu saltava para dentro de uma forma e me tornava definitivamente visível, tocável, como qualquer corpo existente. Este porte", ela disse, "esta tez", pronunciou ela com uma voz oracular e um olhar que, me dando peso, cor e luz, finalmente me fisgava da falsa modéstia e sobretudo da vontade reprimida dos afetos. Alguém, na ocasião, me falou em feitiço. De fato, só um mecanismo mágico poderia conferir-me aquele salto do informe e do possível para o vigor do corpo em estado de vida. Aquele olhar e o percurso misterioso até as palavras pronunciadas evocavam aquele gesto definitivo com que um poeta, ao conferir existência as suas criaturas, cativa-as numa trama de sortilégios.    Lembrei-me dessa experiência intima (que, com algum pudor exponho aqui), em todos os momentos da leitura deste livro de Maria Lúcia, durante a qual me identifiquei com os objetos, quadros, flores, frutos, retratos de mulher com leques, boás ou guarda-sóis.   É uma poesia que ousa indicar, sob o tecido insidioso de seus circunlóquios, o que a cada um dos objetos seres em definitivo compete consistir poeticamente. É assim que, no percurso enredado de cada um dos poemas, há um momento em que a palavra se lança, como um arpão, tentando atingir aquilo a que, secretamente reservados nos objetos, o poeta se atreverá a conferir corpo e existência. O discurso desses poemas é, portanto, falsamente descritivo.   Uma mulher, munida de seu olhar inquiridor e de sua caixa de pincéis, tintas e mistérios, posta-se diante de um vaso de flores, de uma paisagem florida ou de um fruto anônimo. E, como se apenas quisesse imitar-lhes a forma, inicia seus esboços. O mesmo modo com que eu estava desavisado diante daquela mulher de quem falei antes, os objetos estão ali parados.   De repente, as flores sangram, a paisagem se contorce e o fruto escancara sementes e mel, como se os agitasse a mesma força Constituidora que, um dia, me fizera saltar para dentro de um corpo irremediavelmente vivo. "Façam-se", diz ela, e com o mesmo comprazimento dorido do nascimento, aí estão eles, poeticamente repostos em vital desassossego: a mulher de guarda-chuva sobre a ponte, os girassóis dos campos, os frutos de quintais remotos, as cintilantes damas dos retratos de Klimt.  
Edição1
LivroDigitalvazio
PrevendaVazio

Quem viu, também comprou