O tema central deste livro é o caráter essencial que assume, na reflexão gramsciana, a questão da formação de um novo tipo humano, característico da sociedade de massa, exigido pela sociedade industrial avançada.
Gramsci descreve e interpreta a antropologia do homem-massa e, ao mesmo tempo, se pergunta se é possível, e como, em tais condições, o desenvolvimento de personalidades criativas e críticas não desvinculadas de tal contexto. Para caracterizar esse novo homem, Gramsci lança mão da figura de Leonardo Da Vince, erigida em metáfora paradigmática "de um projeto para o futuro que mantém os pés no presente". O homem moderno é, nessa metáfora, entendido "como uma síntese leonardesca do engenheiro americano, do filósofo alemão e do político francês, ou seja, uma síntese reinterpretadora da técnica avançada, do jacobinismo revolucionário e do marxismo". Nas palavras do próprio Gramsci, proferidas em uma carta dirigida à sua esposa, o novo homem deverá ser "o tipo moderno de Leonardo da Vinci transformado em homem-massa ou homem-coletivo mantendo, todavida, a sua forte personalidade e originalidade individual".