"Infelizmente não é só o jornalismo,
mais ou menos clandestino e irresponsável,
que não escrupuliza no emprego
de meios quando se trata de hostilizar a
fé e a Igreja de nossos pais. A polêmica
protestante, ainda quando manejada pelos
seus escritores de mais tomo consegue
altear-se ao nível superior das discussões
serenas, leais e desapaixonadas. Se o estilo
já não é o de mangas arregaçadas, mas
se enfeita de colarinho e gravata, os processos
polêmicos continuam substancialmente
idênticos: repetição de velharias
mil vezes refutadas, exploração da ignorância
religiosa do nosso meio, insinceridade
acabrunhadora.
Em 1920 saiu o Problema religioso da
América Latina do Sr. Eduardo Carlos Pereira.
Saudaram-no como uma obra-prima.
Fez-se-lhe depois a crítica e o livro,
inçado de erros palmares, é hoje, pelos
próprios protestantes, julgado desfavoravelmente
(C.P. Prefácio, II)
Em 1931, dez anos depois, o Sr. Ernesto
Luís de Oliveira, com um alentado
volume, Roma, a Igreja e o Anticristo,
acudiu em defesa do seu predecessor.
Mas o valor não correspondia à mole
do livro. Enormidades históricas exegeses
inverossímeis, acusações pueris ou
malévolas, resumem-lhe o mal digerido
conteúdo. Mas há ainda mais. Calando-
-lhe o caráter anticlerical, enviaram um
exemplar desse trabalho à biblioteca vaticana.
Sem lhe examinar o assunto — o
que é naturalmente impossível em milhares
de volumes que lhe chegam de todo o
mundo — Roma, respondeu em termos
delicados, agradecendo a gentileza da
oferta e abençoando o autor. Crêem os
leitores? Para insinuar-se mais facilmente
nos meios católicos, foram impressas as
respostas do Vaticano e distribuídas no
intuito de propaganda de um livro em
que o autor pretende provar que o Papa é
o Anticristo. Que elegância moral!
"