Muito além das visões maniqueístas ou da mera idolatria recalcada sobre o futebol, o imaginário híbrido e heterodoxo deste livro, "A bola entre palavras", é uma forma de radiografar o esporte mais universal e magnético que existe a partir de ângulos imparciais, não isentos de fervor literário e indagação crítica. Os 11 titulares intercontinentais deste time (e o selecionador) entram em campo com textos sem estratégias de catenaccio ou retranca, a favor de outras dimensões menos lineares. O jogo aqui é de palavras, toques de letra entre Adolfo Montejo Navas, Cristovão Tezza, Eduardo Coimbra, Lula Vanderley, Manuel da Costa Pinto, Martín Kohan, Reynaldo Damazio, Ricardo Aleixo, Teixeira Coelho, Vanderley Mendonça, Wolfgang Bock, Yamandú Canosa.
Na citação de Piero della Riva sobre este livro, o escritor italiano escreve: “Albert Camus, que não tinha nada de frívolo, confessou, em 1957, que tinha aprendido com o futebol a lição de sua vida: “depois de muitos anos em que o mundo me permitiu ter muitas experiências, do que eu tenho mais certeza em relação à moral e às obrigações devo ao futebol”. Nesta educação sentimental o escritor francês nunca esteve sozinho e parece que o time deste livro o confirma: há um passado redondo em muitos de nós, que permite enxergar o futebol com outra perspectiva, quebrando assim a dialética negativa, fatalista, de chutes e pensamento, aproximando-o da aspiração poética que, já nos anos 70, via Pier Paolo Pasolini. (...) Reunir palavras ao redor de uma bola imaginária também não é fácil. Aqui neste livro, o técnico e os onze jogadores constroem uma trama coral na qual se pode adivinhar um sortilégio de movimentos e conexões, afinidades produtivas entre as páginas que o leitor saberá descobrir paulatinamente. Em A BOLA ENTRE PALAVRAS todos sabem que a imaginação é a intuição que pode libertar da inércia ou da totalidade, duas escravidões que o melhor futebol explode com sua narrativa de iluminações”.