11 de Jul

De Pé, Tá Pago

Gauz
R$ 89,90
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De pé, tá pago é o romance de estreia do escritor, roteirista e cineasta marfinense Gauz, que chega pela primeira vez ao público de língua portuguesa em uma edição inédita traduzida por Diogo Cardoso. O livro foi publicado originalmente na França em 2014 e sua edição em inglês foi finalista do International Booker Prize 2023.  A obra parte de uma cena comum em Paris: homens negros, imigrantes de diferentes países africanos, sobem escadas de prédios comerciais em busca de vagas como seguranças — os chamados "de pé, tá pago", expressão que sintetiza a condição desses trabalhadores: o salário só é garantido se permanecerem de pé o dia todo. Do posto de segurança de lojas e grandes magazines, o narrador anônimo — alter ego do próprio Gauz — registra, com humor sulfúrico e ironia afiada, o desfile de clientes, turistas, consumidores em geral e suas manias, seus hábitos, suas contradições. Ao fazer isso, o autor revisita e subverte teorias pseudocientíficas como a fisiognomonia e a frenologia, expondo, com sarcasmo e comicidade, os estigmas raciais que permeiam as sociedades europeias contemporâneas.  Para além do inventário bem-humorado da fauna urbana parisiense, o romance intercala essa observação cotidiana com uma narrativa que acompanha as trajetórias de Kassoum e Ossiri — dois marfinenses que chegam à França nos anos 1990 —, Gauz constrói uma crônica da imigração africana, da herança colonialista europeia e das mudanças que impactaram profundamente os fluxos migratórios.  Com uma escrita que oscila entre o deboche, a crônica social e a crítica contundente, De pé, tá pago oferece uma leitura que provoca, diverte e obriga a refletir. É, ao mesmo tempo, uma sátira feroz do consumismo, um manifesto contra o racismo estrutural e uma homenagem às diásporas africanas, com seus desafios, dores, estratégias de sobrevivência e potência cultural.  “Todos que entraram desempregados nessas repartições sairão daqui como seguranças. Quem já tem alguma experiência na profissão sabe o que os aguarda nos próximos dias: ficar de pé o dia inteiro em uma loja, repetir a tediosa proeza do tédio, todos os dias, até receber o pagamento no final do mês. De pé, tá pago. E não é assim tão fácil quanto parece. Para aguentar o tranco nessa profissão, para manter o profissionalismo, para não cair no comodismo ocioso ou, ao contrário, no excesso de cuidado imbecil e na agressividade ressentida, é preciso ser capaz de esvaziar a mente de qualquer consideração que se coloque acima do