O livro TDAH: um estudo sobre a medicalização da infância re?ete sobre os processos ao longo da história médica e, consequentemente, a forma de se ?rmar o diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Tal diagnóstico gerou uma alteração signi?cativa, resultando em uma medicalização excessiva e questionável de crianças participantes de um cenário educacional e social cada vez mais massi?cado pela sociedade midiática. Essa medicalização da vida, no ambiente escolar, aliada a um processo histórico e de disciplinarização social imposta pela biopolítica e pelo biopoder, levou a um aumento de diagnósticos para melhorar o desempenho dos alunos. Aqueles que não se enquadram no padrão idealizado logo são enquadrados no diagnóstico de TDAH e seus medicamentos terapêuticos, o medicamento metilfenidato.
O termo “diagnóstico” é entendido, nesta obra, como um dispositivo foucaultiano que possui uma função estratégica concreta e se inscreve sempre em uma relação de poder, a qual captura e determina a conduta dos sujeitos. Christoph Türcke também nos auxilia na compreensão sobre o que se passa com essas crianças vítimas do “não-aprender” ao falar sobre os choques imagéticos. Para ele, o choque de imagens apresentado pelos aparelhos audiovisuais exerce um fascínio estético ao fornecer sempre novas imagens, que penetra em toda a vida cotidiana estabelecendo um espaço mental em regime de atenção excessiva nesta nova geração.
Esta leitura é de extrema importância para pensar como manter a constituição humana sustentada por imagens ou, mais especi?camente, pelo choque de imagens em sua repetição excessiva. Novos padrões de socialização, dessa forma, vão se sedimentando no que se pode denominar de uma mutação subjetiva ligada às imagens, em um regime de atenção colocado em marcha pela cultura multimidiática atual, denominada de distração técnicas. A educação, como parte essencial da vida civilizada atual, tornou-se também um desdobramento da sociedade high-tech, cujas tecnologias se sobrepõem aos assuntos, em uma alienação progressiva. Assim, o TDAH encontra-se nesse espaço no qual a criança que possui o dé?cit de atenção representa a criança da cultura atual.