Jean Giraudoux contextualizou sua peça de teatro nos momentos iniciais em que Helena acabara de ser raptada e o rei Menelau tinha enviado Ulisses à Troia como embaixador, em missão diplomática, a fim de levá-la de volta para a Grécia. No entorno do rei Príamo, a nobreza se divide em dois partidos: um que considera Ulisses já vencedor na sua missão, evitando assim a guerra; e outro, que reivindica Helena como esposa de Páris, garantindo assim o início do confronto. Giraudoux constrói engenhosamente a discussão entre os dois lados: os que opinam para mantê-la em Troia para sempre e os que preveem a sua devolução. Tanto a peça quanto a sua leitura deixam o espect ador/leitor dividido junto das personagens. E, até o último instante, não se sabe se a guerra acontecerá ou não. Giraudoux recupera dos tempos antigos uma temática que, em 1935, dividia quem se perguntava se haveria ou não uma Segunda Guerra Mundial. Na verdade, o célebre dramaturgo atualiza uma temática eterna: a paz ou a guerra?