Ressentido com o grande sucesso do personagem que criou, o escritor Conan Doyle decide matá-lo para poder se dedicar aos novos temas que ocupavam a sua imaginação, como mundos perdidos, feras jurássicas, perigos espaciais e outras dimensões da nossa existência mortal. Qual não foi sua surpresa, portanto, quando se viu cercado pela turba de leitores que exigiam que o morto retornasse!
É esse escritor perplexo que surge nas páginas de Eu odeio Sherlock Holmes, que alternam algumas das mais emblemáticas histórias originais do maior detetive da literatura mundial – adaptadas de modo muito próprio por Luiz Antonio Aguiar – com considerações sobre a construção dos personagens, o desenvolvimento das tramas e a relação de um autor com seu público. Enquanto lemos as aventuras vividas por Sherlock ao lado de seu fiel escudeiro, o dr. John H. Watson, nosso Doyle fictício aproveita para discorrer sobre os métodos do detetive, seu talento para o disfarce, seu estilo cerebral, frio, mecânico. Por fim, entre queixas contra leitores e editores, destrincha os recursos, os truques à mão do escritor na criação do mistério e de sua solução.
A edição é ilustrada pelo Fê, que usou cores vibrantes e uma linguagem gráfica contemporânea para atrair novos leitores sem deixar de lado as figuras clássicas que estão na memória afetiva de todos nós.