Livro com depoimentos inéditos da multiartista Claudia Wonder compõe um retrato raro do movimento LGBTI+ no Brasil de 1960 aos anos 2010
Organizado a partir de entrevistas concedidas a Dácio Pinheiro, o livro nasce do encontro do cineasta com Claudia, que resultaria no primeiro longa-metragem de Dácio, Meu amigo Claudia.
Em tom intimista, os depoimentos inéditos em Flor do asfalto revelam ao leitor que nem tudo foram flores na vida da artista e ativista.
Ilustrado com fotos e recortes de jornal, além de outras raridades do acervo pessoal de Claudia, o livro reúne uma memorabilia que reflete a personalidade multifacetada de sua biografada. Flor do asfalto traz ainda textos como uma apresentação de Dácio Pinheiro, prefácio da escritora travesti Amara Moira e posfácio do jornalista e amigo das últimas horas de Claudia, Neto Lucon. Além das memórias de escritores e artistas que conviveram com ela, o livro conta com uma crônica de Caio Fernando Abreu e poemas de Glauco Mattoso dedicados a ela.
Algo fortuito e inesperado, resistente e frágil: assim é a flor do asfalto, imagem cara à própria Claudia, como ela mesma revela. A flor rebenta no meio do concreto, entre rachaduras, enfrentando o cimento de má qualidade. Embora suas condições de vida sejam adversas, lá está ela. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade: “É feia. Mas é uma flor”.
Onde quer que fosse, Claudia incitava, ora delicada, ora brutalmente, as pessoas a se transformarem e a terem coragem. Como se o seu público também pudesse ousar e brotar no meio da poluição; resistir, sim, mas simplesmente existir tal como se é, com a ternura própria dos seres vivos fortes, no asfalto de uma cidade que nunca escondeu sua aversão à natureza… e às flores. E, se uma dessas flores do asfalto cresceu em condições adversas, tudo indica que continuará a crescer na atualidade.
Sinopse
“Acho que se criou uma aura, um mito, em torno dessa personagem Claudia Wonder no rock dos anos 80. Eu era muito maldita pra ser aceita. Eu me considero uma ilustre desconhecida, porque muita gente ouve falar de mim, é uma coisa de lenda, de história, mas não me conhece pessoalmente.”
Claudia Wonder - Flor do asfalto, p. 108
Flor do asfalto percorre vida e obra de Claudia desde seu nascimento em São Paulo, em 1955, visitando o período em que ela frequentou os palcos e inferninhos da cidade, nos últimos anos da ditadura militar, e viaja também para a Europa, onde a artista passou algumas temporadas. Sets de cinema, a redação da revis