A Mulher Discreta

João Sílvio do Amaral Prado

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"Embora situado em São Paulo, o prédio de Jamille tinha uma incrível semelhança com o de Maria no Rio, ambos em ruas lindas, arborizadas, isoladas do barulho infernal dos ônibus e carros, prédios baixos e tombados pelo Patrimônio Histórico, claro que muito antigos, janelas imensas de madeira de demolição coloridas de um azul semicintilante e metálico, sem elevadores, com, no máximo, quatro andares e, precisa dizer mais?!, coincidência ou não, ela também morava no quarto andar, coincidência ou não, todas as janelas dos quartos e da sala eram quase que sutilmente tangenciadas pelas copas aparadas das árvores, podadas com tanto carinho e com tanto balanceamento intuitivo dos bombeiros, que só poderiam crescer mesmo para cima e, houvesse inclinação, seria tão pequena quanto até elegante. Havia, sem dúvida, um mistério ligado a estética e bom gosto naqueles dois quarteirões tão iguais em Estados tão diferentes como Rio e São Paulo. Podia até não ser surpreendente a semelhança entre as duas mulheres, Jamille e Maria, mas até a decoração dos interiores dos apartamentos e as inclinações artísticas convergiam."