"“Custa acreditar, no entanto, que mesmo vítimas de um isolamento estrutural, um horror para
uns, um alívio para outros, Valentina e Ernesto resolveram topar aquele encontro para jantar.
Consta que se amigaram, foram felizes por uns tempos, mas, apesar das compreensões que as
rugas propiciam, continuaram rabugentos, difíceis, esquivos, cada qual a seu modo. “C´est la
vie!”, diria o poeta, dois morcegos foram e são um para o outro, agora morcegos amigos
depois da separação dos morcegos amantes, cada qual com seu armário, seu cocô...
O afeto e a saudade do antigo morcego lhe vem, a ela, Valentina, quando o amigo Ernesto liga
e diz que vai trazer o vinho para o jantar. “Que fim levou?”, claro, o vampirinho, pergunta-se
emotiva, num solene silêncio interior, enquanto procura o molho para o macarrão.”"