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Sementes de Poder: Injustiça Ambiental e Soja Geneticamente Modificada na Argentina

Amalia Leguizamón
R$ 65,00
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Sementes de poder conta a história da rápida conversão agrária da Argentina, com base na adoção inicial e na implementação intensiva da soja geneticamente modificada e tolerante a herbicidas. Essa história revela como atores poderosos são capazes de obter apoio para impor o extrativismo como o modelo nacional do desenvolvimento socioeconômico e, além disso, promover inação diante da injustiça ambiental. Eu me debruço sobre o caso da adoção da soja transgênica para destrinchar o que chamo de sinergias do poder, que criam e legitimam o sofrimento humano, a desigualdade social e a degradação ambiental. […] Este livro dá visibilidade a uma complexa trama de poder que se esconde por trás do discurso que promete inovação tecnológica para o desenvolvimento. Atores poderosos que operam por meio das esferas majoritariamente masculinas do Estado e das corporações, e se estendem até o agronegócio local, a fazenda e a família, fazem uso de várias estratégias para obter consentimento, incluindo a redistribuição econômica e a referência a mitos de identidade nacional e conhecimento científico. Os “sujeitos do poder” — as pessoas comuns que fazem acontecer as operações cotidianas nas comunidades rurais dos Pampas, aqueles que vivem, trabalham e brincam dentro ou nos arredores das fazendas de soja — tendem a destacar os benefícios da soja transgênica. Muitas das pessoas que não controlam a atividade sojeira nem lucram com as fazendas se sentem incluídas nesse “nós” que se vangloria de ter “a melhor agricultura do mundo”. […] A Argentina propagandeia o modelo da soja geneticamente modificada como um sucesso absoluto. Nos grandes jornais, as manchetes anunciam lucros recordes e afirmam que “somente a biotecnologia pode salvar o mundo”. Os planos nacionais de desenvolvimento dão centralidade à biotecnologia e às modificações genéticas. Atores estatais e empresariais apresentam a soja transgênica como o “maná” para resolver a fome e a pobreza globais, enquanto a Argentina reivindica seu papel de “celeiro do mundo”. Nas cidades da soja, nos Pampas, as pessoas exclamam “todos vivemos do campo” e louvam a sojicultura. Até setores urbanos se aliam à população rural contra o governo, quando ele propõe aumentar os impostos de exportação, limitando a produção sojeira. Contudo, ao mesmo tempo que gera crescimento econômico, o “boom da soja” cria um imenso dano social e ecológico. Pequenos vilarejos rurais estão desaparecendo à medida que as pessoas migram para municípios rurais ma