Poemas da Vida Academica

Luciano Martins Verdade
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ste livro surgiu como uma reflexão corriqueira sobre a vida acadêmica. Ele nunca teve, por isso, a pretensão de se tornar uma peça acadêmica como aquelas que têm títulos pomposos que se iniciam com “Contribuição ao conhecimento...” ou “Reflexões sobre...”, onde se pinta um quadro de algo visto de fora a partir de seu interior. É, em geral, preciso muita genialidade para que isto funcione... No entanto, minha formação acadêmica associada à experiência empírica do dia-a-dia, ao longo dos anos, mostrou-me que há alguns paradoxos interessantes no que chamamos de universidade e no seu papel na universalização do conhecimento pela busca da verdade e não por imposições religiosas. O primeiro é, a meu ver, que tal missão é tão nobre quanto impossível. Jamais conheceremos a verdade, nem sobre nosso próprio umbigo (tema minimalista tão em voga atualmente...), mas buscá-la de forma livre, sem amarras religiosas ou ideológicas, é, possivelmente, a quintessência da vida humana. O segundo paradoxo é que, por ter uma missão tão nobre desde sua origem na Penísula Itálica há cerca de mil anos, a universidade é, por conseguinte, uma das mais nobres instituições humanas. Ainda assim, os criadores das primeiras universidades nunca haviam frequentado uma! Tal paradoxo nos leva a uma visão pragmática do conhecimento, onde sua estruturação institucional é dinâmica, refletindo mais o momento hitórico em questão que sua missão em si da busca da verdade. Ou melhor, de seu conhecimento. E aqui reside o terceiro paradoxo: o idealismo (platônico mesmo), inerente à geração e difusão do conhecimento e à formação humana, só foi possível sobre uma base histórica e institucional predominantemente pragmática. Esse paradoxo transformou-se no principal dilema de minha própria vida acadêmica. Apesar da formação idealista paterna, aprendi a ser pragmático na formação dos filhos. No entanto, não consegui abrir mão do idealismo na busca pelo conhecimento e na formação de meus alunos. Especialmente porque fui sempre pago pela sociedade para fazê-lo. Creio que esta reflexão seja a principal ausente em reuniões de conselhos departamentais, congregações e suas comissões assessoras. É, também paradoxalmente, essa ausência que molda nossa atual política de renovação de quadros, além dos valores éticos de nosso ensino e pesquisa.