As fotos tiradas por Norair Chahinian comovem os espectadores de várias maneiras. Primeiro, pelo seu testemunho de vida em várias regiões da Turquia ‘a partir do exterior’, por alguém que veio de muito longe, de milhares de quilômetros de distância. Segundo, através da sua representação ’do interior’, do retorno de um armênio às suas raízes em Marach, Urfa, Iskenderun, quando ele visita a terra de sua família, depois de um lapso gigantesco de cem anos. "O Poder do Vazio" é a tentativa de entrar em um acordo com as oportunidades e as impossibilidades encarnadas no cerne desse retorno, desse testemunho. É a história de um armênio de quarta geração, arrancado e banido com força de suas terras, que mostra a coragem de encarar diretamente o passado, o presente e o futuro, olho no olho.
Chahinian veio à Turquia como o último elo de uma família que foi vítima e testemunha da catástrofe vivida há cem anos, mas que conseguiu viver, sobreviver e construir uma nova vida do outro lado do oceano. Existe ausência e vazio, mas também vida e perpetuação de vida nas fotos que Chahinian registrou em diversas cidades da Turquia. O vazio que permanece daqueles que pereceram, dos que foram forçados ao exílio... e o poder desse vazio é inegavelmente refletido em cada uma das imagens. O arco-íris sobre a igreja abandonada, crianças que brincam em ruas que ficaram desertas, os slogans de golpe militar escritos sobre as epígrafes em armênio, uma mala surrada em uma casa vazia, numa espera, como se ela tivesse sido deixada lá apenas ontem. O poder do vazio, o vazio do poder.