livro Edifício Master: um estudo sobre face em entrevistas de cinema documentário, que ora temos a satisfação de ver publicado, trata de eventos conversacionais – um tipo especial de interação social que se dá pela troca verbal entre os interactantes no ato de fala. Mais especificamente, é uma pesquisa sobre o fenômeno linguístico da face, na concepção dos estudos de E. Goffman e de P. Brown e S. Levinson. Entrevistas do filme Edifício Master (2002), do cineasta Eduardo Coutinho, reconhecido documentarista brasileiro, são analisadas pela pesquisadora de modo a identificar as manifestações linguísticas que revelam a construção e a preservação da imagem social dos falantes numa interação face a face.
Nesse sentido, a leitura deste trabalho irá desvelar como os falantes, em situação de troca verbal, no gênero entrevistas de documentário, constroem a relação interpessoal; como a imagem que o indivíduo constrói de si, pelo viés da troca verbal, pode revelar o status que possui e os papéis sociais que desempenha; como se dão, nas interações verbais, a preservação e/ou ameaça da face pelos interactantes; como os procedimentos que visam à obediência ao princípio da polidez linguística mantêm as relações de cordialidade entre os interactantes; como se dão as relações de envolvimento e de distanciamento na particular situação de entrevistador e entrevistado no documentário. Esses e outros tópicos do estudo em questão são solidamente discutidos à luz das teorias da Análise da Conversação, da Pragmática Linguística e da Sociolinguística. No contexto das pesquisas linguísticas, o trabalho de Maria Estela é um exemplo de originalidade, ao estudar uma obra cinematográfica de Eduardo Coutinho - cineasta que faz da entrevista sua metodologia de criação e seu traço autoral.