"Quando crescer quero pilotar um Fórmula 1." Esse era o sonho de Hermes, um garoto da periferia de São Paulo, cuja história não é nenhuma novidade: terminou o ensino médio aos trancos e barrancos e logo teve de trabalhar para ajudar em casa. Foram vários bicos até que Hermes conseguisse dar entrada no pagamento de uma moto - ele nunca chegaria perto do cockpit de uma Ferrari, mas poderia ser piloto em duas rodas. "Quarenta e oito meses com os menores juros da cidade", dizia o cartaz da loja. Ele agora precisava de um trabalho para pagar as prestações.
E assim Hermes virou um motoboy, um dos personagens mais presentes, e controversos das grandes cidades de hoje. Como define Gilberto Dimenstein na apresentação do livro, ele "é o mensageiro de uma comunidade moderna, antenada com o mundo, que exige pressa. [...] Ninguém anda tão rápido quanto ele, é mesmo como se tivesse asas nos pés. Encurta magicamente distâncias que parecem intransponíveis".
Hermes, o motoboy, conta um pouco da história desse personagem, de seu dia-a-dia arriscado, de seus companheiros e de seus amores. De quebra, ainda percorre questões comuns a todas as metrópoles: sua dinâmica, os bairros, os habitantes, a "pressa".
Nas belas ilustrações de Fernando Vilela, rastros de carimbos de borracha remetem à estética da cidade, com seus prédios, fios, postes e muito tráfego, e ao mesmo tempo representam a rapidez do motoqueiro - há sinais dos pneus de Hermes a cada página.